"A escada para o Reino dos Céus está escondida em tua alma. Mergulha para dentro dos pecados que estão em ti mesmo e, assim, encontrarás ali uma escada pela qual poderás ascender" Isaac de Nínive.
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Obs.: Abaixo, tradução do versículo bíblico para outras línguas:

"POR ISSO A ATRAIREI, CONDUZI-LA-EI AO DESERTO E FALAR-LHE-EI AO CORAÇÃO" Oséias 2,16
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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A atitude que liberta






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É do conhecimento de todos que o mandamento se resume numa só palavra, e, universalmente falando, podemos dizer que a mesma é entendida em todas as experiências do homem, como por meio das mais variadas culturas existentes sobre o orbe, mencionadas em todas as línguas, e, que, encontra sua razão de ser no verbo “AMAR” (Dt 6, 5; Lv 19, 18; Mt 22, 37).

Sem dúvida alguma, quis a sabedoria divina através deste movimento, embora velada em seu mistério trinitário, resumir apontando nesta única palavra, a verdadeira raiz explicativa para o mal, conhecido de todos os tempos, e que, inconscientemente, passa despercebido pelo olhar conturbado de uma grande maioria. Numa primeira análise, todo o mandamento tem como ponto de partida, ou se quiser, como objeto primeiro o coração particular de quem o recebe, sendo que este mesmo está sempre em vista do convívio comunitário.

A verdadeira raiz citada acima é, sobretudo, o fato de imperar, no caminho que vamos traçando em nosso dia-a-dia, a má aceitação a tudo que nossas ações possam nos definir, em outras palavras, a tudo que de certa forma nos designa em nosso estado débil, com relação às dissensões entre nossa alma e nosso espírito.

Se o mandamento está no amor, encontramos aí o antídoto para todo o mal atrelado às ações deveras insubordinadas à nossa condição, e que sem equívoco algum passa pelo olhar de cada pessoa em sua particularidade, ao se confrontar com sua própria verdade, quer conscientes ou não. Pelo olhar criamos a possibilidade de bem ou de mal em vista do que vamos alimentando no coração, como: alegria ou tristeza, perdão ou ódio, bondade ou maldade, etc. No decorrer dos anos vividos a pessoa aprende desde seu nascimento a criar mecanismos de defesa que nem se tem consciência do porquê de suas manifestações presentes, mas elas estão aí, guardadas em algum lugar de nosso inconsciente, para reforçar a urgência de um olhar que permita entender o mais profundo de nossa verdade como forma de ascender à verdadeira liberdade.

Seguindo uma linha de pensamento proposta por Jesus a seus discípulos, nos deparamos com o Seu dizer: “Conhecereis a verdade e ela vos libertará” (Jo 8, 32). Notemos que o mesmo transmite esta sentença, instantes depois em que lhe fora apresentado uma mulher, a qual fora surpreendida e acusada como adúltera; o relato como se dá este feito, que se tornara público, todos conhecem bem. Este discurso é antecedido por outras sentenças como: “Eu sou a luz do mundo...” (Jo 8, 12a) e ainda: “Vós julgais segundo as aparências; eu não julgo ninguém” (Jo 8, 15).

Evidentemente que para se alcançar a luz da verdade e do entendimento que jamais engana é preciso estar aberto à orientação que o Espírito vai engendrando em nosso interior ao longo do caminho; para os Pais do deserto não fora diferente. Como discípulos atentos a toda movimentação da ação divina dentro de si, foi-se concebendo o que O mesmo lhes inspirava, ou seja, uma total abertura e despojamento da fantasia que antes se fazia de si mesmo, ao acolher sua verdade nua e crua.

Uma das graças que se adquire com a intimidade do Espírito é que O mesmo conduz todo homem a situações de confronto, tal como aconteceu com Jesus quando fora conduzido para o deserto para aí ser tentado pelo demônio (Ver: Mt 4, 1).

Sem a luz que vem do alto corre-se o perigo de se perder para sempre diante da realidade obscura a que fomos acometidos pelo histórico de vida que nos acompanha e nos revela quem somos de fato, ainda que inconscientemente, no decorrer de nossa peregrinação neste mundo ao nos depararmos com o que existe de mais sombrio em nossas ações e desejos os mais secretos. O amor é um bem a ser salvaguardado de nosso próprio eu egoísta, que julga sem medida, acusa, impõe, distorce, manipula, subjuga e destrói, vetando a possibilidade de se enxergar de fato toda a verdade como ela é, talvez pelo medo ou vergonha de se descobrir inferior, ou ainda, o mais vil de todos.

Não se pode dá o passo para a verdadeira liberdade se não acolhemos com “AMOR” aquilo que a luz nos faz estar conscientes no momento. É daí mesmo que se constata que, o primeiro receptor do mandamento de “AMAR” é cada pessoa em sua particularidade específica, visto que não poderemos amar o nosso próximo senão somos capazes de fazê-lo por nós mesmos. Não significa aqui enfatizar pelo orgulho exaltado de um mal que não seja reconhecido, ao contrário, ao se inteirar do mal que o envolve esta pessoa se torna capaz, com a ajuda da graça, de aceitá-lo como seu e se reconciliar com ele.

Dessa experiência de amar a si mesmo se mistura àquela experiência de Deus já que não existe encontro no amor que não subsista ou venha d’Ele próprio.

O meio pelo qual podemos enfraquecer as forças do inimigo, e este pode vir a ser qualquer uma das sombras que de alguma forma tenham influência em nossas ações, em nossa realidade concreta – que não queremos sequer ter contato – é o caminho contrário, ou seja, o do confronto, e a partir daí o da reconciliação com o que existe de mais indesejado. Desta realidade podemos comparar com as exortações dadas por Jesus no sermão da montanha quando ao povo que o instruía lhes disse: “Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu ministro e sejas posto na prisão” (Mt 5, 25).

A cura do amor em nós é algo urgente, já que o seu enfraquecimento é deveras confundido ou sequer percebido em seu definhar, misturado aos enganosos conceitos de verdadeira vida de santidade e busca de Deus. Podemos apontar razões que nos indiquem o mal entendido entre amar de verdade, a começar fazendo atenção para os nossos julgamentos no dia. Tudo o que apontamos no outro é algo mal resolvido em si mesmo, que por não estar reconciliado, enxergamos no que está a nossa volta aquilo que nos é devido, em outras palavras, aquilo que deixei de amar e perdoar em mim mesmo, por isso ela se insurge no julgar o nosso próximo.

Sendo assim, é nos dirigida a exortação de Jesus:
Não julgueis, e não sereis julgados. Porque do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e, com a medida com que tiverdes medido, também vós sereis medidos” (Mt 7, 1-2).

E noutro lugar, O mesmo nos interroga: “Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu? Como ousas dizer a teu irmão: Deixa-me tirar a palha do teu olho, quando tens uma trave no teu?” (Mt 7, 3-4).
Para se perceber isso é preciso muita atenção e vida sob a guia do Espírito que nos esclarece todas as coisas. Alcançar a verdadeira liberdade requer atitude e coragem de se reconciliar com o nosso próprio eu, os nossos próprios fantasmas, que por certo nos aborrecem.






Exercício espiritual  
Na vida espiritual de cada pessoa que busca verdadeiramente a Deus – e esta segundo os pais do deserto, não se concretiza em sua forma a mais pura se não acontece no confronto consigo mesmo – é necessário que se estabeleça métodos regulares que nos ajudem no desenrolar de uma ‘união perfeita’ que reclame a consciência de nossos atos, deveras influenciados segundo nossa má inclinação.
Antigamente se falava muito no “exame de consciência”, o qual era recomendado fazer todas as noites antes do repouso noturno, o que não significa, embora não se ouça mais tanto sua menção hoje em dia, que essa prática tenha sido abolida em nosso tempo atual.  Conceder a si mesmo uma pausa durante a noite para recapitular tudo àquilo que possamos ter feito de mal durante o dia, e que por algum motivo tenha passado despercebido de nossa consciente atenção, seguramente irá nos ajudar a identificar em que mal insistimos permanecer – ainda que inconscientemente – como um convite a reconciliação sincera de suas repetidas falhas.  

# Este é o ensinamento deixado como herança pelos nossos antigos pais na fé.


                                                                                            By Maurus

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