Dom Emanuel d’Able do Amaral, OSB*
A
Espiritualidade Pascal e a Iniciação Cristã (1)
Os primeiros séculos da vida
cristã foram marcados por uma grande espiritualidade. No alvorecer do
cristianismo as comunidades foram marcadas por uma espiritualidade pascal. Ao
lermos com atenção os escritos do Novo Testamento e os primeiros textos
cristãos, percebemos a força da espiritualidade nascida do evento da
ressurreição do senhor. A teologia da Igreja primitiva é, portanto, uma
teologia pascal. Por isso mesmo, o dia da iniciação cristã era considerado o
mais importante da vida de um cristão. Era o dia de seu nascimento para Deus e
a convicção de sua pertença à comunidade dos eleitos, que se reunia
semanalmente para celebrar a ressurreição de Jesus Cristo.
Essa espiritualidade era
marcada pela alegria, porque nascida no contexto pascal. Era também uma
espiritualidade missionária, porque os primeiros cristãos sempre anunciavam,
com suas próprias vidas, a Boa Nova. Portanto, essa espiritualidade pascal era
carregada de grande dinamismo, transmitida pela palavra e pelos atos dos
primeiros cristãos, e capaz de transformar pessoas e sociedades inteiras.
A iniciação cristã, que
compreendia a recepção de três sacramentos – Batismo, Eucaristia e Confirmação –
era realizada na noite da Vigília Pascal e compreendia a base sobre a qual era
construída toda a vida espiritual e eclesial dos primeiros cristãos. A partir dessa celebração o batizado devia
expressar a sua conversão a Cristo por palavras e atos, mudando radicalmente de
vida e deixando transparecer para todos a vida nova emergida das fontes
batismais.