“Os olhos são a lamparina do corpo. Se teus olhos
forem bons, todo o teu corpo será cheio de luz”
Mt 6,22.
* * *
Os
antigos gregos, bem antes de nossa era, já mencionavam a relação do corpo com a
íris dos olhos. Para ser mais preciso podemos mencionar Hipócrates, 460 a.c,
que é conhecido por muitos como uma das figuras mais importantes da história da
saúde, frequentemente considerado como o ‘pai da medicina’.
O
impressionante disso é que Jesus não ficou alheio a essa informação de conhecimento
dos males físicos e psíquicos pela observação dos olhos, nem tampouco deixou de
mencionar sobre o assunto no contato com os seus discípulos.
Discorrendo
sobre a referência bíblica acima, Jesus se dispõe a dar, aos seus discípulos,
vários conselhos e ensinamentos, dentre estes faz menção sobre a candeia
(lamparina) do corpo. São ensinamentos referentes à vida espiritual, sobre o
modo de proceder no convívio com os outros, comportamentos, bem como sobre a atenção e o
cuidado fisiológico de cada pessoa, ou seja, houve um interesse por parte de Jesus
para com o homem em sua forma integral e que de certa forma se resume neste
assunto específico.
É
importante ressaltar que Jesus dá sequência ao sermão da montanha. Portanto,
ele se encontra sobre o monte. O evangelista Mateus se utilizará dos capítulos
V, VI e VII, de seu evangelho, para enumerar o teor das sentenças e
ensinamentos do jovem nazareno. Para a cultura judaico/cristã, estar sobre o monte é
estar na posição de quem legisla, daquele que está capaz de transmitir Sabedoria.
Aqui Jesus se apresenta e é reconhecido como Mestre, à semelhança de Moisés que
recebera de Deus o encargo de transmitir a sua Lei no Horeb, aquele que orienta
o seu povo em vista do Reino dos céus, inaugurado com a sua vinda em meio aos
homens.
Para
entendermos melhor em que contexto se encontra este enunciado bíblico podemos
ler, a seguir, a listagem de seus ensinamentos e conselhos, a começar pelo
sermão das beatitudes:
- As
Bem-aventuranças (Mt 5, 1-12);
- O
sal da terra e a luz do mundo (Mt 5, 13-16);
-
O cumprimento da Lei (Mt 5, 17-19);
-
A justiça nova, superior à antiga (Mt 5, 20-24);
-
Reconciliação com o adversário (Mt 5, 25-28);
-
Evitar a ocasião de pecado (Mt 5, 29-30);
-
O divórcio e o juramento (Mt 5, 31-37);
-
A Lei do amor contrária à lei do Talião (Mt 5, 38-42);
-
O verdadeiro amor (Mt 5, 43-48);
-
A esmola dada em segredo (Mt 6, 1-4);
-
A oração feita no recolhimento (Mt 6, 5-6);
-
O Pai nosso (Mt 6, 7-15);
- O
jejum realizado em segredo (Mt 6, 16-18);
-
O verdadeiro tesouro (Mt 6, 19-21);
- O olho como a candeia do corpo (Mt 6, 22-23);
-
Deus e o dinheiro (Mt 6, 24);
-
Se abandonar à providência (Mt 6, 25-33);
-
Não julgar ninguém (Mt 7, 1-5);
-
Não profanar as coisas santas (Mt 7, 6);
-
A eficácia da oração (Mt 7, 7-11);
-
A Regra de ouro (Mt 7, 12);
-
Os dois caminhos (Mt 7, 13-14);
-
Os falsos profetas (Mt 7, 15-20),
-
Os verdadeiros discípulos (Mt 7, 21-27).
Houve,
por certo, um atrativo peculiar por parte das palavras proferidas por aquele
homem simples da Galileia, que fez com que aquela multidão não se importasse
com o calor do dia e se debruçasse à escutá-lo. O atrativo se deu pelo fato de
que suas palavras eram contextualizadas, confrontadas com os reais anseios daquele
povo, portanto, eram-lhes úteis, eficazes, propícias, tudo o que necessitavam
para continuar tocando suas vidas na esperança de um novo tempo.
Vimos, acima, uma lista de ensinamentos que concernem no direcionamento de uma vida prática para aqueles que almejam abraçar a novidade trazida por Jesus. Dentre estes ressaltamos ‘O olho como a candeia do corpo’:
“Se teus olhos forem ‘bons’...” Mt 6, 22.
Ora,
no texto original grego podemos perceber uma certa distância ao compararmos com
o texto português e outras traduções. Na língua original, em que foi escrito
quase todo o Novo Testamento, podemos mergulhar de maneira mais fiel e precisa
ao se tratar do verdadeiro sentido ou real intenção da palavra de quem a
pronunciou. Assim lemos no texto original grego:
“Se teus olhos forem ‘sem tramas’...” Mt 6, 22.
É
impressionante como a fonte grega vai perfeitamente de encontro, se identifica
bem com toda a ideia formulada na compreensão de análise da íris. É, de fato, a
partir das fibras irregulares, defeituosas, trançadas – atreladas a outras
observações como cor, textura, manchas, brilho, etc. – e que a depender do
surgimento em sua respectiva região na íris revelam os problemas fisiológicos
no corpo humano bem como seu estado psico/comportamental. Referente a esta
observação última, do estado emocional, e que se atrela diretamente ao
psíquico, é conhecido por muitos – em diversas culturas – o ditado que diz: “Os olhos são o espelho da alma”. É através
dos olhos onde se reflete toda a nossa vida, tais como: os traumas
inconscientes da infância – mesmo estando ainda no útero materno –
revelam-nos as perdas, e, depois de nosso ingresso no mundo, as perversidades,
as obscuridades e tantos outros segredos, positivos como negativos, capazes de
explicar verdadeiramente as influências que sofremos ao longo de nossa
caminhada e que sem dúvida alguma desembocam no comportamento presente de cada
indivíduo.
Podemos
dizer que, acolher o método de análise da íris é avançar de forma bem mais célere
e segura para o ‘conhecimento de si
mesmo’, apesar de toda a complexidade que abarca a realidade de cada
individuo em sua inconsciente particularidade.
Na
verdade, o termo “Se teus olhos forem
bons, todo o teu corpo será cheio de luz” deveria ser ordenado de forma
contrária para que aí houvesse uma lógica de sentido. Mas o fato de ter sido
escrita da maneira como encontramos nas Sagradas Escrituras não altera a
intenção e o sentido a que esta se propõe, cientificamente falando. Fazendo uma
análise lógica do texto podemos perceber que o princípio de luminosidade a que
se aplica ao corpo na verdade é referente, de forma toda particular e direta,
aos olhos. São os olhos, em primeira mão, de fato, que nos revelam pela
luminosidade ou escuridão o grau ou estado em que se encontra a saúde do corpo,
já que não temos outro meio, a primeira vista, de averiguar, verificar no mesmo,
a não ser pelo reflexo transmitido por meio do sistema nervoso central à íris. A
partir dessa observação linguística podemos concluir que o texto ficaria
logicamente formulado assim: “Se teus
olhos forem cheio de luz, todo o teu corpo estará bem”.
Em
se tratando ainda do ‘conhecimento de si
mesmo’, esse foi o caminho descoberto e traçado pelos padres do deserto –
em sua trajetória espiritual de comunhão perfeita com Deus – por meio da
solidão, livremente abraçada. Para estes, não há progresso espiritual sem esse ‘confronto
pessoal no conhecimento de si mesmo’, uma vez que Deus se revela e deixa-se
revelar a partir de nossa história de vida concreta e consciente.
Só
há ‘conhecimento’ quando de fato se reconhece e aceita que tal realidade ‘desvendada’
é a sua – o que não é tarefa tão fácil à primeira vista – pois, acolher a
verdade sobre si, em sua pureza, depende e exigi-se o grande e ditoso ato que é
o de se tornar humilde de coração. Ora, descer pelos ‘porões obscuros’ de nossa
verdade pode ser estarrecedor e nos levar à destruição se não for por meio da
via feita pela fé; é justamente por meio desta, a fé, que se desdobra o fato extraordinário
da experiência verdadeira de Deus que, nos amando acima de tudo como somos, nos
perdoa e justifica, restaurando assim toda nossa vida a partir de então.
____________________________________________________
Clique sobre o link abaixo e confira mais sobre o assunto!
Nenhum comentário:
Postar um comentário