“Vossa Palavra é luz que ilumina meus passos, é lâmpada em meu caminho”
Sl 118, 105.
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Existe uma diferença entre Palavra
de Deus escrita – como um dado histórico passado – e Palavra de Deus revelada,
ou seja, aquela que é confrontada com a história presente, na qual a pessoa
está inserida, dando-se aí como concretização da Palavra de Deus pessoal ou
comunitária à sua compreensão.
A Palavra escrita é um dado
importante ao compararmos os feitos que Deus outrora realizou, numa época
específica, para um povo específico, sob contexto similar ou diferente de hoje,
e que nos leva a direcionar o nosso entendimento ao encarnar a mesma no
aqui e agora.
Para os antigos monges, era
imprescindível e lhes bastavam por excelência o contato assíduo com a leitura sagrada, ou ‘lectio
divina’, que, ruminada ao longo do tempo chegavam à compreensão por meio da
abertura gradativa que se dava pela experiência pessoal no decorrer do dia, ou
até mesmo dos anos, logo fossem capazes de apreender e entender a Palavra de
Deus pela acolhida em seu interior; sendo assim, a Sagradas Escrituras era confrontada e se misturava com a própria vida, surtindo o efeito esperado com o alargar do espírito e o
dilatar do coração.
Persuadido pelo exemplo e experiências anteriores de monges - que bem antes já viviam nos desertos - contatamos que em São Bento não fora diferente; o
importante foi sempre manter o contato extenso e assíduo com as divinas
Escrituras, ainda que sem muita compreensão no momento, mas certo de que feito
na perseverança ia se revelando no coração o entendimento do mistério divino que
consistia exclusivamente no confronto entre a leitura escrita com a realidade pessoal vivida como garantia do desvendar das revelações de Deus.