"A escada para o Reino dos Céus está escondida em tua alma. Mergulha para dentro dos pecados que estão em ti mesmo e, assim, encontrarás ali uma escada pela qual poderás ascender" Isaac de Nínive.
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Obs.: Abaixo, tradução do versículo bíblico para outras línguas:

"POR ISSO A ATRAIREI, CONDUZI-LA-EI AO DESERTO E FALAR-LHE-EI AO CORAÇÃO" Oséias 2,16
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sábado, 30 de julho de 2011

Livro: Fraquezas, um caminho para Deus





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A Capa


FLOR DE LÓTUS* é uma preciosidade do Oriente, conhecida e venerada do Egito à China como símbolo da pureza espiritual. 
A flor de lótus tem sido sabiamente representada, desde tempos imemoráveis, ao lado de grandes deuses, e mestres iluminados. Ela nasce na lama e só se abre quando atinge a superfície, onde só então se mostra em sua beleza com suas luminosas e imaculadas pétalas auto-limpantes, isto é, tem a propriedade de repelir microorganismos e poeiras. 
O botão da flor tem o formato de um coração, e suas belíssimas pétalas não caem quando a flor morre, apenas secam. Assim, para os chineses, o passado, o presente e o futuro estão nela simbolizados, respectivamente pela flor seca, pela flor aberta e pela semente que irá germinar. "OM MANI PADME HUM", significando literalmente: 

"DA LAMA NASCE A FLOR DE LÓTUS”.
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Introdução


O trabalho a que esta obra se propõe está todo pautado em minha experiência de vida, ainda que pouca pela idade, mas toda orientada por meio da meditação sobre o homem e seus feitos, num paralelo com aquela mesma experiência que levou os padres do deserto a se retirarem das cidades e viverem na solidão, que os permitia estar confrontados consigo mesmos à luz de Deus. O mesmo também foi possível pelo contato que tive ao longo dos anos com anciãos, visto ser para mim, os anos galgados por estes, o caminho mais acertado para uma consciência e formulação da verdade quanto a sabedoria no tempo, bem como pelo esforço de pesquisas e do encontro com os mais variados gêneros de pessoas que em minhas andanças obtive a graça de uma aproximação pessoal, verdadeira e única.

Certamente, o homem em si não deve ser só entendido em sua tendência propensa ao mal, visto ser o mesmo complexo, mas, nos detemos aqui sobre essa realidade de perfil como forma de tomada de consciência, para daí se poder optar pelo bem, que não é outra coisa que a compaixão em relação ao próximo. Só por meio dessa perspectiva de compreensão se tornará possível o estabelecimento de um diálogo com o que existe de mais transformador ao se deparar com sua verdade inconsciente. 

Em nosso quotidiano, marcado pela era tecnológica que envolve uma grande maioria das massas, chegamos à percepção do “isolamento” por meio do entretenimento eletrônico como uma fuga do não estar só consigo mesmo.


Num tempo como o nosso, parece confuso como compreensão o fato da busca do conhecimento sobre si mesmo, que mobilizou homens de todas as épocas, até os nossos dias, ao compararmos a nossa volta, um “estar só”, como forma de fugir da realidade sobre o mal que parece imperar como um caso sem resolução, tornando-se arredio às manifestações de afeto e compaixão para com o outro em seu dia-a-dia, a não ser em proporções extremas. Vivemos sob o signo do medo, do medo de nós mesmos, visto que os males em geral fazem parte da história humana, por conseguinte de cada um de nós em sua particularidade, e que só necessitam ser confrontados como sua verdade, e reconciliados, como forma de transcendê-los.

Tal confronto, foi a maneira pela qual Deus se utilizou, impulsionando por Seu Espírito a atitude livre de homens e mulheres, que, indo para o deserto, levaram consigo um único desejo, de fazer o mergulho para dentro de si mesmos ainda que a contracorrente, feito na fé perseverante, no intuito de encontrar aí, a luz para compreenderem-se no mundo. Este encontro se dá à luz de Deus, que como um sol revela nossas trevas e pequenez; é aí mesmo, na realidade qualquer que seja onde nos encontrarmos, que Ele nos acolhe e nos ama. Seu amor é restaurador, desarma nossa propensão ao mal, ainda que tenhamos que conviver com essa realidade até a morte como uma forma de nos lembrar a todo instante que a compaixão é preciso, como uma forma de sustentação recíproca, afastando-se do julgamento.

É importante ressaltar aqui que esse fenômeno “religioso”, de se isolar no deserto, se deu num período de espera pelo retorno de Cristo em sua parusia com a consagração das virgens, e depois das grandes perseguições empreendidas aos cristãos pelo Império romano nos primeiros séculos da Igreja, antes demonstrado pela profissão de fé por parte dos mesmos, até o alcance do martírio. Atendendo ao chamado,[1] homens e mulheres partiram para o deserto, para aí viverem de forma radical sua vocação batismal, sob o olhar e intimidade com Deus.

É sabido que outros aspectos sociais como causa deste procedimento os influenciaram; a saber, a "repugnância pela imoralidade reinante”[2] e, sobretudo para as mulheres, o fato de esse tipo de vida lhes proporcionar certa emancipação, tendo em conta a servidão social que o matrimônio assumia na época.

Ao se isolarem, uma nova realidade surgira ao se darem conta de suas tendências que tomavam forma pelo estar só, descobrindo a partir de então um novo acesso para o divino, que se dava por meio do contato e aceitação humilde do mal que os envolvia.

É uma verdade que nos toca a todos, a certeza do mal que a todo o momento nos circunda. Em algum lugar na história da humanidade o homem perdera o elo que o ligava a todas as coisas, e entre si mesmos, numa perfeita harmonia. Tanto para os judeus como para os cristãos, essa verdade se dá no relato Javista em torno da Criação, quando pelo orgulho e desobediência, o mesmo perdera a pureza original que o fazia estar na intimidade com o Deus que o criara; essa mesma intimidade baseava-se na contemplação do mesmo Deus donde emanava a garantia do repouso da alma, o bem estar do espírito e consequentemente o de suas ações, que por sua vez eram manifestadas no corpo físico, numa interação que o punha conscientemente como parte da natureza e de seu Criador.

É nela, na natureza, que encontramos semelhanças que nos explicam o mistério do homem, tanto em sua existência física como para além dela, em sua transcendência; dentre muitos outros exemplos, vejamos o paralelo com a semente: Nela - a semente - existe todo um potencial de vida conservado em seu interior que não pode alcançar seu fim a não ser pela decomposição, sinal estreito com as nossas misérias, para só depois ressurgir renovada, como uma nova planta. Na natureza, todos seguem uma lei natural que leva ao cumprimento da vontade de quem a criou. O homem pelo seu livre arbítrio, muitas vezes foge de seu processo de transformação que se dá no interior de sua realidade, como um meio eficaz de mudança que nos reporta à tomada de consciência do bem, que ao longo do tempo se misturou com o mal e que parece predominar em seu coração.

Em nosso tempo mais do que nunca, urge a exigência do retorno como um chamado no interior humano, com o fim de se descobrir em suas raízes, que não nos deixa de apontar o Bem esquecido como marca de sua origem, e que nos identifica com o divino, uma vez que fomos feitos pelo Bem e contemplado como bom, adjetivo pelo qual nos remete à fonte de bondade numa ligação perfeita com a Trindade e sua imagem.

Urge correr para o fim que nos é proposto segundo a intenção do coração de Deus, bem como atendermos ao Seu chamado de perfeição na santidade, que não acontece senão no eclodir de uma caridade perfeita, e que não pode passar a existir a não ser pelo confronto com a verdade pessoal de cada um, como o passo primeiro a ser dado, ainda que nos encontremos no mais extremo lamaçal de misérias e angustias sob o peso de nossas fraquezas, mas, reconciliadas pelo amor supremo que nos acolhe e redime, erguendo-nos do abismo em que nos encontrávamos, restabelecendo assim, a dignidade que se dá na consciência, antes, perdida com o mal, e que numa linguagem cristã chamamos de pecado.



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Contra Capa

Ao longo de toda história da humanidade nos deparamos com a realidade, no que concerne às fraquezas, contida na experiência de todo homem e de toda mulher de todos os tempos, até os nossos dias. Este livro tenta direcionar o leitor para o encontro com a realidade de cada um em sua individualidade, no intuito de estabelecer o diálogo com o que existe de mais incômodo em seu interior, a partir da tomada direta de consciência sobre a verdade que compõe sua existência.

À luz de Deus e experiência dos 'pais do deserto' que se soma a realidade vivida por cada pessoa, encontraremos aqui o caminho que nos ajudará a conviver com o nosso mal particular e dar a abertura devida ao 'Bem', contraposta a nossa maneira de repugnar os fatos que existem dentro de cada um de nós pelo julgamento.

Este mesmo visa estabelecer uma convivência pacífica com o nosso eu mais indesejável, por meio da reconciliação e aceitação de si mesmo; sendo assim, se estabelece a partir de então a humildade capaz de acolher sua verdade pura, em vista da compaixão que começa sobre si próprio e depois para com o outro.


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[1] Cf. Os 2, 16.
[2] Comby, Jean – Para ler a História da Igreja (1), Coleção Iniciação, Editorial Perpétuo Socorro, Porto, 1988, p. 85.
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