"A escada para o Reino dos Céus está escondida em tua alma. Mergulha para dentro dos pecados que estão em ti mesmo e, assim, encontrarás ali uma escada pela qual poderás ascender" Isaac de Nínive.
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Obs.: Abaixo, tradução do versículo bíblico para outras línguas:

"POR ISSO A ATRAIREI, CONDUZI-LA-EI AO DESERTO E FALAR-LHE-EI AO CORAÇÃO" Oséias 2,16
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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Chamados pelo Nome






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É evidente para todos que o ‘nome’ é de extrema importância, visto ser o mesmo revelador, aquele que identifica o ser como pessoa e o torna exclusivo, único, particular, dentre uma multidão dos, por assim dizer, constituídos seus semelhantes. Na experiência concreta do nosso quotidiano costumamos sempre ligar o fato à pessoa ou vice-versa, em se tratando daquele que se conhece, como sendo parte da identidade que ao longo do tempo foi-se revelando em sua característica de ser, ou seja, a formação de sua índole.

No plano espiritual o nome está sempre ligado para além do que podemos ver com os nossos olhos ou tocar com nossas mãos, e se autóloga por uma atitude de busca na compreensão do chamado interior que se define pela vocação (do latim: vocare) de cada pessoa, ou seja, seu verdadeiro lugar e missão no mundo. Foi assim para o povo da aliança primeira. O nome fazia parte de um acontecimento concreto na vida de cada pessoa, como também revelava o seu papel futuro diante da comunidade; assim, para os antigos, cada nome carrega o seu significado característico.

É no livro das revelações de São João, ou apocalipse, que encontramos:

“Quem tiver ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor darei o maná escondido e lhe entregarei uma pedra branca, na qual está escrito um ‘nome novo’ que ninguém conhece, senão aquele que o receber” (Ap 2,17).

Por certo, nem sempre conseguimos distinguir o apelo que Deus nos faz a cada dia como o ajuntamento que vai se consolidando ao longo do tempo como certeza do chamado... precisamos de guias espirituais que nos orientem no caminho de busca e descoberta da vontade divina em relação ao chamado, que vai se manifestando até aquela clareza que nos torna verdadeiramente realizados, quando de fato correspondido.  

Vemos em nossos dias muitas insatisfações de âmbito interior, embora muitos não se deem conta, estão todas de uma certa forma ligadas à crise de identidade, múltiplas, que desembocam em muitos males, como a perda de consciência de sua função no mundo, porta aberta para a depressão, grande sombra de nosso século. Seguramente este mal acarreta uma influência de nossa sociedade capitalista, que aguça o desejo de ‘ser’ pelo que se pode ‘obter’ de vantagem frente o consumismo, ao negar o seu verdadeiro chamado interior.

Desta reflexão não poderia ficar de fora aquela anterior em que tratávamos da ‘condição humilde do Bom Pastor’. Este mesmo conhece suas ovelhas e 'chama a cada uma pelo nome' (Jo 10,3), significando, que, a vida de cada uma delas dependia exclusivamente d’Ele, de Sua direção em vista da realização, ou bem-estar particular, que consistia  na felicidade completa de suas almas.  






Ora, conhecer alguém é o mesmo que desvendar o mistério que envolve o ser de cada pessoa humana, e este só cabe exclusivamente a Deus em toda sua profundidade. Nenhuma outra criatura se arvoraria no pretender conhecer alguém com toda a complexidade que gira em torno de cada ser, como é o homem, visto que nem na sua particularidade de busca se conseguiria atingir os mistérios a que sua própria alma esconde, e que por certo denotam, apontam as verdadeiras manifestações que se atrelam às suas obras exteriores.
Conhecer é de certa forma uma maneira de possuir. Conhecer verdadeiramente alguém para além do que podemos constatar ou do que nos é contado na amizade como um segredo – e que não exclui desta o fato de possuir o outro – é poder atingir as bases que revelam a sua alma.

Ao nome de uma pessoa se atrela automaticamente à pertença de uma outra; assim é na família, entre amigos ao se referir ao nome que corriqueiramente somos chamados, como: José, Maria, João, Marcos, Beatriz, etc. Num primeiro contato em que se é dado conhecer a outra pessoa, passamos como que a possuir, seja como amigo, irmão, parente ou qualquer que seja a deferência que estipulamos em nossas relações. 

Ora, se por um lado as nossas tendências sombrias, sempre propensas ao egoísmo, pretendem a todo instante reter para nós mesmos aquilo que possuímos pelo conhecimento, por outro, Deus sempre nos é apresentado como modelo em virtude de Seu conhecimento profundo sobre nós, sobre cada homem, ao conceder a liberdade ao mesmo ainda assim, o que denota Seu amor desinteressado, mas, todavia, na expectativa constante de uma resposta livre àquilo que já incutiu em seu coração.

O ‘nome novo’ que se alinha à caminhada espiritual pode ter por compreensão a interação de nossa realidade quotidiana, mas vai muito mais além, a saber, que, é Deus mesmo quem nos chama, e a este chamado vai-se revelando no mundo a imagem que O mesmo vai fazendo de nós, ao nos revelar o Seu rosto naquilo que nos propomos a colaborar com Ele aqui e agora.



             

By Maurus

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