“In
hoc signo vinces”
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A Cruz foi um dos primeiros
sinais inventados pela sabedoria divina mais antigos, e, representada desde longo tempo, já há muito séculos antes da inauguração de
uma nova era que despontava com o novo anuncio trazido por Jesus no Novo Testamento.
Ela esteve presente no paraíso, simbolizada pela ‘Árvore’ (Gn 2,9) contida no meio do jardim do Éden, e em outro lugar aquela que trazia consigo o fruto do conhecimento do bem e do mal (Gn 3,3); esteve presente nos tempos de Noé através da ‘Arca’ (Gn 6,14), quando do extermínio de uma multidão de pessoas e gerações, e, que, por mandado de Deus, fora construída com o intuito de salvar os fiéis das águas do dilúvio que dissipava todo erro e engano daquele tempo. No decorrer da travessia do povo hebreu no Egito, a mesma fora representada por uma ‘Haste’ (Nm 21,8) de onde pendeu a serpente de bronze que curaria a todos do veneno impetrado no mesmo por conta de sua falta de fé expressa na agitação de suas murmurações.
É sempre a mesma realidade...
Se a mesma, a Cruz, fora motivo de ‘condenação’
ainda que indiretamente no paraíso, por uma livre e deliberada ação do homem, é
a mesma que redime e conduz todo o homem à penitência através do reconhecimento
e da aceitação consciente das faltas como um meio de salvar-nos. É sempre a sabedoria divina, em todas as
épocas e em cada situação, particular ou coletiva, que de uma realidade de
fracasso transforma o desalento em vigor sem excluir e negar a passagem
obrigatória pela existência palpável da dor, da angustia e até mesmo da morte,
para só assim poder experimentar e contemplar a verdadeira realidade dos
bem-aventurados, daqueles que perseverando fieis reafirmam o seu sim, como fizera
o próprio Cristo, até o ultimo instante de sua vida.
Aqui e acolá, nos relatos
bíblicos, encontramos pistas que desvelam o mistério da Cruz como que inserida
em toda história da salvação. Quer seja física ou espiritual, é sempre a mesma
verdade sobre a existência do mistério que nos leva a um contato íntimo com a
nossa realidade existencial aqui no mundo, e, que por certo nos liga ao
transcendente, faz-nos a ponte para aquela realidade primeira e ultima que
preenche toda a nossa humanidade desbotada com as influências do mal pelo
significado do Bem a ser conquistado com o esforço particular e o auxílio da
graça.
Em termos experimentais,
costumamos associar a esse mistério todo sofrimento, quer físico ou espiritual
vividos; ousaria acrescentar aqui um outro tipo de Cruz, embora nem tanto
mencionado, que é o sofrimento moral, cravado no âmago, no mais profundo de
todo aquele que sofre de algum mal na alma e que se atrela aos vícios.
Seguramente é para esse tipo de mal moral, e esta pode vir a ser tão pesada
quanto qualquer outro tipo de fardo, que o próprio Jesus também chegou a dizer:
“Aquele que quiser me seguir, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e me
siga”.
Mt 16,24
Os padres do deserto sempre
tiveram em mente a realidade desse fato, era por esta verdade consciente, em
seu dia-a-dia, que lutavam no enfrentamento de si mesmos. A luta era sempre em
relação às ações externas em detrimento daqueles males internos, por vezes não aceitáveis
e repugnáveis, que os lançavam sempre mais e mais baixo em suas más
inclinações.
O Cristo nos aponta e nos
indica a Cruz como um caminho redentor... e esta mesma por vezes carregada no
corpo, ora no espírito e em outras ainda na alma; só por meio desta, quando
verdadeiramente aceita, é transformada em dádiva, tanto pessoal como
comunitária em relação ao bom convívio entre os seus, sinal externo da boa
relação com Deus em quem toda a alma repousa.
By Maurus
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Obs.: A imagem da Cruz
no início da postagem é um relicário contendo os fragmentos da Santa Cruz, a
mesma recolhida pelo Imperador Constantino, estando sob os cuidados de Mauro de
Almeida.
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