"Aquele
que perseverar até o fim será salvo"
Mt 24, 13
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1. O abade Antão, quando
residia no deserto, caiu em acédia e em grande obscuridade de pensamentos;
disse ele a Deus: “Senhor, quero ser salvo, mas meus pensamentos não me
permitem; que farei nesta minha aflição? Como serei salvo?”. Um pouco mais
tarde levantou-se e saiu da cela. Percebeu então que alguém parecido consigo
estava sentado e trabalhava, depois afastava-se da obra e rezava; sentando-se
novamente trançava uma corda e se erguia ainda para rezar. Era um anjo do
Senhor que se enviara a Antão para sua correção e salvaguarda. Escutou o anjo
lhe dizer: “Faze o mesmo e serás salvo!” A tais palavras foi tomado de grande
gozo e confiança. Agindo deste modo operava sua salvação. (Antão, 1).
2. Um irmão interrogou o abade
Agatão: “Tenho uma ordem a executar, mas num sítio onde terei de pelejar
bastante. Quero ir para obedecer, mas temo a guerra”. Respondeu-lhe o ancião:
“Em teu lugar Agatão cumpriria a ordem e ganharia a guerra”. (Agatão, 13)
3. O abade Amonas dizia:
“Passei quatorze anos na Cítia, e orava a Deus dia e noite para me dar a força
de vencer a cólera”. (Amonas, 3).
4. O abade Bessarião dizia:
“Fiquei de pé quarenta dias sem dormir e quarenta noites sobre espinhos”.
(Bessarião, 6).
5. Um irmão, que vivia como
anacoreta, estava turbado. Ele foi até a morada do abade Teodoro de Farméia e
lhe declarou sua inquietação. Disse-lhe o ancião: “Vai, conserva a alma na
humildade, sê submisso aos outros e vive com eles”. Ele partiu para a montanha
e foi viver com outros. Depois retornou ao ancião e lhe disse: “Não encontrei o
repouso vivendo entre os homens”. Disse-lhe o ancião: “Se não encontras repouso
nem na soledade nem na companhia dos irmãos, por que vieste a ser monge? Não
fora para suportar penas? Mas dize-me: há quanto tempo vestes o hábito?” – “Oito
anos”, respondeu ele. Replicou o ancião: “Crê em mim, eis que o visto há
sessenta anos e não houve um dia de repouso para mim, enquanto que tu o queres
após oito anos?” Ao escutar isso partiu reconfortado. (Teodoro de Farméia, 2).
6. Um irmão pediu ao abade
Teodoro: “Se sobreviesse de chofre uma catástrofe, ficarias amedrontado, Pai?”
Respondeu-lhe o ancião: “Ainda que o céu tocasse a terra. Teodoro não teria
medo”. Com efeito ele pedira a Deus para lhe tirar o medo, daí a pergunta do
irmão. (Teodoro de Farméia, 24).
7. Dizia-se do abade Teodoro e
do abade Lúcio, ambos do Enatão de Alexandria, que durante cinquenta anos eles
troçaram de seus pensamentos (contra a perseverança) dizendo: “Findo o inverno
vamo-nos embora”. E chegado o inverno: “Findo o verão partiremos daqui”. E
assim fizeram por toda a vida, como Padres dignos de eterna memória. (Teodoro
do Enatão, 2).
8. O abade Pastor contava que,
quando o abade João o Nanico orava, o Senhor lhe arredava todas as paixões; ele
ficou isento de preocupações e foi confiá-lo a um ancião: “Vê aqui, disse ele,
um homem em repouso que já não combate mais”. Mas lhe respondeu o ancião: “Pois
bem! pede ao Senhor para te macerar, pois o progresso da alma está aí”. Assim
quando a luta recomeçou o abade João o Nanico não pediu mais que ela se
afastasse, antes suplicava: “Senhor, dai-me a paciência para sustentar essas
lutas”. (João Kolobos, 13).
9. O abade Macário o Grande foi
se encontrar com Antão na montanha. Ele bateu à porta. Antão saiu e perguntou:
“Quem és tu?” – “Eu sou Macário”, disse ele. E fechando novamente a porta Antão
entrou, deixando-o fora. Mas quando confirmou sua paciência, reabriu-a e o
tratou afavelmente. Disse-lhe ele: “Eis que há muito te desejava ver;
conheço-te de nomeada”. Caindo a noite o abade Antão ferveu umas palmas só para
si. Disse-lhe Macário: “Queres que eu ferva algumas para mim?” – “Prepara-as”,
respondeu Antão. Macário preparou um montão e se pôs a trançar. Já acomodados,
durante a noite eles falaram do que era útil à alma – e trançavam; os trançados
descaiam através duma janela numa gruta. Quando amanheceu o abade Antão foi à
gruta e viu o monte dos trançados do abade Macário; cheio de admiração ele
beijou suas mãos e disse: “Uma grande virtude saiu destas mãos”. (Macário, 4).
10. Certo dia Macário desceu da
Cítia a Terenute. Ele entrou para dormir num templo onde estavam sepultados
cadáveres de pagãos. Ele pegou um dos corpos e meteu-o sob a cabeça como se
fosse um travesseiro de juncos. Mas os demônios ficaram ofendidos com sua
audácia. Para terrificá-lo eles fingiram que chamavam uma mulher: “Ó mulher,
diziam eles, vem banhar-te conosco”. Outro demônio, fingindo ser um dos mortos,
respondeu de sob a orelha de Macário: “Não posso, tenho um viajante sobre mim!”
Mas o ancião não se amedrontou. Seguro de si apostrofou o cadáver dizendo:
“Pois bem, se tu conseguires, vai-te!” Escutando isso os demônios gritaram a
plenos pulmões: “Tu nos venceste”, e envergonhados desacamparam. (Macário, 13).
11. Dizia o abade Matóis:
“Prefiro o trabalho leve, mas contínuo, ao trabalho penoso, mas breve”.
(Matóis, 1).
12. Conta-se que outrora o
abade Milésios habitava na Pérsia com dois discípulos, quando dois filhos do
imperador sairam para caçar segundo seu costume. Eles espalharam armadilhas num
espaço de quarenta milhas para matar tudo quanto fosse nelas apanhado. Ora ali
se achava o ancião e os dois discípulos. A vista dum homem peludo e como que
selvático, os dois filhos, intrigados, perguntaram: “És tu um homem ou um
espírito?”. Respondeu ele: “Sou um homem, um pecador; vivo retirado para chorar
meus pecados. Eu adoro o Filho do Deus vivo”. – “Os únicos deuses que há,
disseram eles, são o Sol, o Fogo e a Água. Adora-os e vêm lhes oferecer
sacrifícios”. – “Não, isso são criaturas, vós estais enganados. Convertei-vos,
imploro-vos; reconhecei o Deus verdadeiro, o Criador destas e doutras cousas”.
Mas eles mangaram do ancião: “Um condenado! Um crucificado! Como tu chamas a
isto de Deus verdadeiro?” – “Sim, ele crucificou o pecado e matou a morte;
afirmo que ele é o Deus verdadeiro”. Então ele e seus companheiros foram
torturados; os filhos do rei tentaram fazê-los sacrificar. Após inúmeras
torturas eles decapitaram os dois irmãos. Mas continuaram a torturar o ancião
dias a fio. Enfim, segundo o estilo da caça, eles o puseram entre si e lhe
atiravam flechas – um por trás, outro pela frente do velho. Disse-lhes o
ancião: “Eis que estais unidos para matar um inocente; pois bem, amanhã nesta
mesma hora e de chofre vossa mãe não terá mais filhos e será privada de vossa afeição:
vós vos matareis com vossas próprias flechas”. Mas eles escarneceram de suas
palavras. No dia seguinte saíram para caçar. Um cervo se alteou entre eles;
montados em seus cavalos foram empós ele para pegá-lo. E como lançassem suas
flechas, atingiu um o coração do outro e morreram ambos como predissera o
ancião. (Milésios, 2).
13. Disse o abade Pastor: “Na
tentação é que se reconhece o monge”. (Poemão, 13).
14. O abade Pastor contara que
o abade Isidoro, padre da Cítia, disse certo dia aos irmãos em assembléia:
“Meus irmãos, não viemos aqui em busca de labor? Mas percebo que não há labor
aqui. Tudo bem! Vou pegar meu bornal e ir aonde há labor, e então encontrarei
repouso”. (Poemão, 44).
15. Disse Santa Sinclética: “Se
vives no cenóbio, não mudes de morada, pois te seria prejudicial. Com efeito
uma galinha que abandonasse os ovos que choca esperaria em vão os pintainhos;
assim o monge ou a virgem que deixam resfriar e morrer a fé indo daqui para
acolá”. (Sinclética, 6).
16. Igualmente ela disse:
“Inúmeros são os embustes do inimigo. Não pôde ele turbar a alma pela pobreza?
usa a riqueza como isca; não pôde prevalecer pelos ultrajes e pelas afrontas?
envia os louvores e a glória; vence-o a santidade, adoenta o corpo; não
consegue seduzir pelos prazeres, esforça-se para desviar do bom caminho com
penas inesperadas; ele acomente com doenças gravíssimas – com a permissão
divina – para levar os homens ao desânimo e à negligência e entibiar o amor a
Deus. Abate o corpo com maleitas e o atormenta com a sede intolerável. Se és
culpado de pecado, tens de suportar tudo isso; lembra-te das penas que hão de
vir, do fogo eterno, dos suplícios do julgamento – e considerarás em pouco os
males presentes; regozija-te pois Deus te visitou; tem à boca esta palavra
piedosa: “O Senhor me puniu com crueza, mas me não entregou à morte (Sl. 117,
18)”. Se eras de ferro, o fogo te retira a ferrugem. Se és justo e ficas
doente, serás alçado de menor a maior virtude; se eras ouro, o fogo far-te-á
mais puro. Um anjo de satã te aguilhoa a carne? (2Co. 12, 7), exulta e
considera a quem te tornaste semelhante: és julgado digno da sorte de Paulo. És
provado com a febre, regelado de calafrios? mas diz a Escritura: “Fomos provados
com o fogo e com a água; vós nos resgatastes para nos conduzir a um lugar de
refrigério (Sl. 65, 12)”. Se te aconteceu a primeira coisa, espera pela
segunda. Ao praticar a virtude exulta com o santo salmista: “Sou pobre e
sofredor” (Sl. 68, 30). Tornar-te-ás perfeito nesta dupla tristeza, pois ele
disse: “Na minha tristeza tu me preservaste” (Sl. 10, 42). Nestes exercícios
nos fortalecemos, pois temos o adversário ante os olhos”. (Sinclética, 7; Vida,
98).
17. Igualmente ela disse:
“Quando as enfermidades nos vêm importunar, não nos atristemos de que a doença
do corpo nos empeça de permanecer de pé para orar e cantar os salmos em voz
alta. Essas provações são úteis para destruir as inclinações más; do mesmo modo
o jejum e o leito de pedra nos foram impostos contra os prazeres desregrados.
Se a doença empolga o aguilhão, esses labores se tornam supérfluos. Que digo eu
– supérfluos? De fato os sintomas mortais (do pecado) são limitados pela
doença, que age como um remédio poderosíssimo e eficaz. Enfrentar as doenças
dirigindo ao Senhor os hinos de ação de graça – eis a grande ascese. Se
perdermos a vista, não nos atristemos demais: perdemos o órgão duma avidez
insaciável, mas com os olhos d’alma contemplemos a glória do Senhor. Se
ensurdecermos, rendamos graças: não escutamos mais os barulhos vãos.
Enfraquecem-se nossas mãos? Conservamos ainda as da alma, que são prestas a
lutar contra o inimigo. O corpo todo foi atingido? A saúde do homem interior se
avulta”. (Sinclética, 8; Vida, 99).
18. Disse ela igualmente: “No
mundo os criminosos são lançados na prisão contra a vontade; nós também nos
devemos reduzir – por causa dos pecados – ao cativeiro, para que essa punição
voluntária nos poupe das maldições futuras. Quando jejuares, não finjas doença
(para o não fazeres), pois quem não jejua tem doenças semelhantes. Começas a
fazer algum bem? Não deixes o inimigo desviar-te com obstáculos: a tua
paciência há de destruir o inimigo. Assim acontece com os que se fazem ao mar e
que, desdobrando a vela, deparam logo um vento favorável, mas em seguida um
vento ponteiro lhes vem de encontro. Os marujos não lançam de chofre a carga ao
mar: eles esperam um tanto ou lutam contra a tempestade – até em seguida
retomarem o curso. Assim somos nós ao encontrarmos o espírito adverso: desdobrando
a vela da cruz seguiremos a travessia sem riscos”. (Sinclética, 9; Vida,
101-102).
19. Conta-se que a
bem-aventurada abadessa e virgem Sara habitara sessenta anos próximo a um rio
sem jamais se curvar para fitá-lo. (Sara, 3).
20. Disse o abade Hiperéquios:
“Que teus lábios entoem hinos espirituais: a recitação continuada consolar-te-á
do peso das tentações que te acometam. O viajor sobrecarregado é ótima
comparação: ao cantar esquece a fadiga do caminho”. (Hiperéquios, Exhort. ad
monachos, 137).
21. Disse o abade Hiéréquios:
“Devemos nos armar contra as tentações, pois elas chegam de maneiras diversas:
a sua vinda certificará de que somos pessoas a toda prova”. (Hiperéquios,
Exhort. ad monachos, 105).
22. Disse um ancião: “Quando
vem a tentação, por todo lado multiplicam-se os incômodos para nos desmoralizar
e fazer murmurar. Assim um irmão tentado que vivia nas Celas: ninguém o
cumprimentava ou recebia em casa quando percebiam-no tentado. Se precisava de
pão, ninguém lho emprestava. Quando voltava da colheita, não o convidavam para
se reconfortar na igreja, como era o uso. Certo dia ele voltava da colheita na
calma do dia, e não havia mais pão na cela. Mas a tudo isso ele rendia graças.
Assim Deus, vendo sua paciência, livrou-o da guerra das tentações. E eis que
alguém lhe bateu à porta conduzindo do Egito um camelo carregado de pães. Ao
ver isso o irmão se derramou em lágrimas e exclamou: “Senhor, não sou digno
sequer de sofrer em vosso nome!” Finalmente a tentação passou e os irmãos
começaram a recebê-lo em suas celas ou na igreja – e eles o reconfortaram. (N.
192).
23. Dizia um ancião: “Não
avançamos porque não conhecemos nossos limites e não conservamos a paciência
nas empresas: queremos ter a virtude sem trabalhos”. (N. 297).
24. “Que devo fazer”, perguntou
um irmão a um ancião, “pois meus pensamentos não me deixam descansar na cela
sequer uma hora?” Respondeu o ancião: “Retorna a tua cela, meu filho, fica lá,
trabalha com tuas mãos, ora a Deus incessantemente, deposita nele tuas
preocupações – e que ninguém te induza a sair dali”. Acrescentou: “Um moço que
ainda tinha pai desejou se fazer monge. Ele suplicava ardentemente ao pai para
deixá-lo entrar no monastério, mas este não o queria. Mais tarde, instado por
fiéis amigos, consentiu a contragosto. O adolescente partiu e entrou no
monastério; tornou-se monge, cumprindo à risca as tarefas do monastério e
jejuando diariamente. Chegava a não tomar nada durante dois dias ou a só comer
uma vez por semana. Seu abade, que o observava, maravilhava-se disso e bendizia
a Deus por conta dos jejuns e das asceses. Pouco tempo depois o irmão começou a
suplicar ao abade: “Meu pai, suplico-te, deixa-me ir ao deserto”. – “Meu filho,
lhe respondeu ele, abandona tal pensamento, pois tu não resistirias a tal
provação, sem contar as tentações e negaças do demônio. À primeira tentação não
acharás ninguém para te consolar da turvação em que inimigo te lançara”. Mas
insistiu o irmão em obter a permissão. Vendo que não podia detê-lo o abade
começou a orar e deixou-o ir. Pediu o irmão: “Pai, concede-me – eu te suplico –
que me indiquem o caminho”. O abade lhe fez acompanhar de dois monges do
monastério – e foram-se juntos. Caminharam um dia, e depois outro. Esgotados
com o calor estiraram-se em terra. Enquanto tiravam uma pestana uma águia lhes
esfregou as asas na cara e, despertando-os, pousou além. Os monges se
levantaram, viram a águia e disseram ao irmão: “É o teu anjo: levanta-te e
segue-o”. O irmão despediu-se deles e ganhou a estrada onde se encontrava a
águia, que logo retomou o vôo para pousar a um estádio dali. O irmão seguia-a.
Novamente a águia alçou vôo, pousou a um estádio mais a frente – e assim foi
durante três horas. O irmão seguia a águia até ao momento em que ela virou à
direita e desapareceu. Entretanto o irmão continuou a caminhar e percebeu três
palmeiras, uma fonte e uma lapa: “Ei-la, exclamou ele, o ligar que o Senhor me
preparou”. Ele entrou e descansou; lá comia tâmaras e bebia água da fonte.
Ficou na solidão seis anos, durante os quais não viu niguém. Mas certo dia o
diabo apresentou-se a ele sob a aparência dum velho monge de aspecto horrível.
A sua vista o irmão temeu e prosternou-se em oração. Ao se levantar lhe disse o
diabo: “Rezemos mais, irmão”. Assim feito retomou o diabo: “Há quanto tempo estás
aqui?” – “Estou aqui há seis anos” – “Ah! Eu sou teu vizinho e só soube que
habitavas aqui há quatro dias! Minha cela não é longe daqui. Há onze anos não
saía de lá, até que soube que tu eras meu vizinho; pensei: ‘Vamos visitar esse
homem de Deus e palestremos juntos sobre a salvação da alma’. Sim, irmão, nada
ganharemos se ficarmos na cela, pois não recebemos o Corpo e o Sangue do Cristo
e por isso temo que sejamos arrojados para longe dele se permanecermos
distantes desse mistério! Mas sei, meu irmão, que a três milhas daqui existe um
monastério onde há um padre. Vamos a cada domingo ou a cada duas semanas
receber lá o Corpo e o Sangue do Cristo, e depois retornemos às celas”. Essa
negaça do diabo foi bem acolhida pelo irmão. No domingo o diabo se apresentou e
lhe disse: “Vamos, acompanha-me, está na hora!” Eles se foram ao dito
monastério onde estava o padre. Após entrarem na igreja puseram-se a rezar; mas
assim que o irmão se ergueu não viu mais aquele que o conduzira: “Ora essa,
pensou ele, aonde ele foi? Talvez tenha ido fazer alguma necessidade?” Esperou
durante muito tempo, mas nada aconteceu. Então como saísse para buscá-lo e não
o encontrasse, pediu aos irmãos do monastério: “Onde está o abade com quem
entrei na igreja?” Mas eles responderam: “Só vimos a ti”. Daí compreendeu o
irmão que era o diabo: “Vejam, disse ele, com que negaças o diabo se serviu
para me tirar da cela! Mas pouco importa, pois vim por um bom motivo: vou
receber o Corpo e o Sangue do Cristo e retornar a minha cela”. Findas as cerimônias
na igreja o irmão quis retornar à cela, mas o abade do monastério lhe deteve
dizendo: “Não te deixaremos sair antes que tu comas conosco”. Ele só voltou à
cela depois de haver comido. O diabo se reapresentou a ele sob a forma dum moço
secular, que se pôs a fitá-lo dos pés à cabeça dizendo: “Será ele? Não, é
outro”. Como ele a olhasse ainda, perguntou-lhe o irmão: “Por que me fitas
assim?” – “Vejo que não me reconheces, respondeu o outro: ademais, após tanto
tempo, como poderias me reconhecer? Sou o filho do vizinho do teu pai. Teu pai
não é fulano? Tua mãe não se chama sicrana, e tua irmã assim, e tu mesmo assim;
e os escravos não são tais e quais? Mas tua irmã e tua mãe são mortas há três
anos. Teu pai acaba de morrer e te fez herdeiro, pois ele disse: ‘Não deveria
deixar meus bens a meu filho, o santo homem que abandonou o mundo para seguir a
Deus? Eis a minha última vontade: que aquele que teme o Senhor e saiba onde
está meu filho lhe diga para voltar e distribuir todos meus bens e dá-los aos
pobres para a salvação de minh’alma e da sua’. Muitos foram os que saindo a tua
busca não o encontraram. Ora vindo aqui a negócios te reconheci. Pois bem, não
te demores, vêm vender o montante segundo a vontade de teu pai”. Respondeu o
irmão: “Não é necessário que eu retorne ao mundo” – “Se tu não retornas,
replicou o diabo, tua fortuna há de se perder e disso prestarás conta. Que mal
há vir como bom administrador em dar esse dinheiro aos pobres e desgraçados?
Assim o que se dê aos necessitados não dilapidar-se-á por cortesãos e
parasitas. Que te impede de retornar e fazer esmola como queria teu pai para
salvar-te a alma? Depois tu retornas a esta cela! Por que deter-se?” Finalmente
o diabo persuadiu o irmão e o conduziu ao mundo. Ele o acompanhou até a cidade,
e após o deixou. O irmão quis entrar na casa do pai, que acreditava morto: mas
naquele momento o pai saía dela, e muito vivo – mas o pai não reconheceu o
filho. Perguntou: “Quem és tu?”. Perturbado o filho não sabia o que responder,
mas como insistisse o pai para saber donde vinha, confuso respondeu: “Sou teu
filho” – “E a que vieste?” Envergonhado de falar a verdade, disse: “Vim por
amor a ti: queria ver-te”. E ficou com ele. Pouco tempo depois caiu na
fornicação. O pai amaldiçoou-o deveras, mas o infeliz não se arrependeu e ficou
no mundo. Irmãos, digo-vos: o monge não deve jamais sair da cela por instigação
de outrem, por que quer que seja”.
25. Alguns irmãos perguntaram a
um dos grandes anciãos do deserto: “Pai, como podes te sentir bem aqui
suportando tal labor?” Respondeu o ancião: “Todo labor que suportei desde que
estou aqui não se compara a um só dia da punição futura reservada aos
pecadores”. (N. 193).
26. Disse um ancião: “Os monges
d’outrora pouco mudavam de habitação, salvo em três casos: se não conseguiam
pacificar alguém que não os visse com bons olhos, ainda que fizesse de tudo
para agradá-lo; se eram objetos de muitos louvores; finalmente se sucumbiam à
tentação de impureza”. (N. 194).
27. Um irmão pediu ao abade
Arsênio: “Que devo fazer, Pai, pois sou fustigado por este pensamento: já que
não podes jejuar nem trabalhar, visita ao menos os doentes! Essa ação merece
recompensa!” O ancião reconheceu aí as sementes do diabo: “Então, respondeu
ele, come, bebe, dorme; só não saias da tua cela”. Com efeito ele sabia que a
fidelidade à cela torna o monge tal como deve ser. Três dias depois o irmão
caiu na acédia. Mas se deparando com algumas palminhas desfiou-as e no dia
seguinte começou a trançar com elas cordas. Quando sentiu fome disse para si: “Eis
outras palminhas; trancemo-las, e após comerei”. E enquanto fazia a leitura:
“Recitemos algumas linhas dos salmos, após o quê comeremos sem escrúpulos”. E
com a ajuda de Deus, a pouco e pouco progrediu até se tornar tal como deveria
ser; e tomando as rédeas dos maus pensamentos, triunfou. (N. 195; Arsênio, 11).
28. Um irmão perguntou a um
ancião: “Por que caio na acédia quando estou na cela?” – “Porque, lhe respondeu
ele, ainda não vislumbras a esperança da ressurreição, nem as torturas do
inferno: se as vislumbrasses, tua cela seria estrelada de horizontes e tu bem
na suportarias e não na provarias”. (N.196).
29. Os irmãos suplicavam a um
ancião que repousasse de seus grandes trabalhos; mas lhes respondeu ele:
“Crede-me, meus filhos, ante os imensos e magníficos dons de Deus Abrãao
lamentara o que não labutara”. (N. 197).
30. Um irmão interrogou um
ancião: “Meus pensamentos vagamundam e me perturbam”. Respondeu o ancião: “Fica
na tua cela e teus pensamentos voltarão: quando a jumenta está amarrada, o
burrico vagamunda dum lado ao outro, mas sempre retorna para junto da mãe, onde
quer que vá. Assim os pensamentos do que pacienta na cela por amor a Deus podem
vagamundear um tanto, mas logo voltam para perto”. (N. 198).
31. Um velho morava no deserto
e só encontrava água bem distante, a doze milhas da cela. Certo dia, em que queria
um púcaro, descoroçoou e disse entre si: “Por que me obrigar a tal fadiga? Vou
habitar perto d’água”. Mal terminara aquelas palavras quando, olhando para
trás, viu alguém que o seguia contando seus passos. “Quem és tu?”, lhe
perguntou ele. “Sou um anjo do Senhor, lhe responderam, e fui enviado para
contar-te os passos e dar-te a recompensa”. A tais palavras o ancião ficou
reconfortado e, animado de renovado zelo, estabeleceu sua cela ainda mais longe
d’água. (N. 199).
32. Os padres diziam: “Se onde
habitas te acomete a tentação, não abandones esse lugar durante a tentação: se
tu o abandonas, encontrarás por onde fores o de que fugias. Pacienta até que a
tentação passe, para que tua partida se faça sem escândalo e não cause
perturbação aos que habitam nas vizinhanças”. (N. 200).
33. Um irmão cenobita era
inquieto de temperamento e fácil se metia em cólera. Certo dia disse de si para
si: “Vou-me daqui para habitar só num aljube; como não hei de ver nem ouvir
ninguém, estarei em hesequia e a paixão em mim se apascentará”. Ele partiu e
foi habitar só numa grota. Mas certo dia, após encher e assentar em terra uma
bilha d’água, o recipiente de súbito emborcou. De novo a encheu, e de novo
emborcou. Fê-lo terceira vez e assentou-a – e ela emborcou. Refervo de cólera,
pegou a bilha e a quebrou. Já de volta a si, percebeu que fora joguete do
demônio da cólera e disse: “Estou só e, mesmo assim, ele me venceu; retornemos
ao cenóbio, pois o combate, a paciência e sobretudo o socorro de Deus são
necessários em toda parte.” Daí retornou donde viera. (N. 201).
34. Perguntou um irmão a um
Padre ancião: “Que devo fazer? pois nada faço do que é do fazer do monge:
acomodado no relasso, como, bebo e durmo. Ademais estou cheio de inquietação e
mergulhado em pensamentos vergonhosos; passo dum trabalho a outro e dum
pensamento ao que se lhe segue.” Respondeu-lhe o ancião: “Fica na tua cela, faz
o possível sem te turbar. O pouco que fazes vale os grandes trabalhos do abade
Antão no deserto; tenho confiança de que quem fica tranquilo na cela por amor
de Deus e vela sobre a consciência, ver-se-á no mesmo lugar onde está o abade
Antão.” (N. 202).
35. Perguntaram a um ancião
como o monge zeloso poderia se não escandalizar com o retorno dalguns irmãos ao
mundo; respondeu ele: “O monge deve observar como os cães caçam as lebres: um
deles lobriga a lebre e corre ao seu encalço; os demais cães que só ao
companheiro percebiam seguem-no um tanto, mas a fadiga fá-los dar atrás. O cão
que viu a lebre continua só até que a tenha abocado; a direção da corrida não
se lhe mudou porque os demais deram passo atrás; ele não cura dos precipícios,
dos carrascais ou dos bosquedos; lanha-se todo e de tempos em tempos se fere
nos espinhos, mas não encontrará repouso enquanto a não pegar. Tal deve ser o
monge e quem segue ao Cristo Senhor: ficar sempre de olhos fitos na cruz e
passar por cima dos escândalos com que topa, até ir ao Crucificado.” (N. 203).
36. Disse um ancião: “Assim
como uma árvore é infrutífera se a transplantam amiúde, assim o monge que se desloca
de lugar em lugar não pode dar fruto.” (N. 204).
37. Um irmão agoniado com o
pensamento de abandonar o monastério abriu a alma a seu abade, que lhe
respondeu: “Fica na tua cela, oferece teu corpo como penhor às paredes dela e
não saias. Não te preocupes com tal pensamento. Que tu’alma pense o que quiser,
mas não ponhas teu corpo da cela em fora.” (N. 205).
38. Disse um ancião: “A cela do
monge é a fornalha da Babilônia onde os três mancebos encontraram o Filho de
Deus; é ainda a coluna de nuvem donde Deus falou a Moisés.” (N. 206).
39. Durante nove anos um irmão
foi atormentado pelo desejo de abandonar o cenóbio. A cada dia preparava a
matalotagem como para partir, mas quando caia a noite, dizia de si para si:
“Amanhã parto daqui!” Mas à manhã dizia: “Façamo-nos violência e hoje fiquemos
em honra ao Senhor.” E assim fez dia após dia durante nove anos, até que o
Senhor lhe arredasse a tentação e ele ficasse em paz. (N. 207).
40. Um irmão sucumbiu à
tentação e, no abatimento, abandonou a regra monástica. Quando quis voltar às
bases da observância regular, impediu-o o abatimento: “Quando serei como era?”,
dizia entre si. Quebrantado, fazia nada para recomeçar a viver como monge. Foi
então até a morada dum ancião e lhe contou sua história. O velho, sabendo seu
estado, lhe deu este exemplo: “Um homem tinha uma propriedade que por
negligência se tornou inculta e se encheu de cardos e espinhos. Querendo-a
cultivar, disse ao filho: ‘Vai amanhar a terra.’ E lá foi o filho. Mas à vista
da espessura dos cardos e dos espinhos que ali brotaram, descoroçoou. ‘Quando
chegarei a desenramar e amanhar esse chão?’, dizia de si para si. Então se
estirou em terra e adormeceu. E assim fez durante vários dias. Mas o pai lhe
veio ver o trabalho. Constatando a negligência do filho, lhe perguntou: ‘Por
que nada fizeste até agora?’ ‘Pai, respondeu o mancebo, quando vim trabalhar, a
visão do pulular de cardos e espinhos me enojou da tarefa. Abatido, deitei em
terra e dormi.’ ‘Meu filho, retrucou o pai, a cada dia faz só o estiro de terra
que ocupas ao deitares. Teu trabalho se avolumará assim a pouco e pouco, sem
que percas a coragem.’ O mancebo fez como se lhe dissera e, em pouco tempo, a
propriedade se amanhou”. “Tu assim, meu irmão, faz um pouco a cada vez, que não
perderás a coragem: a graça de Deus te devolverá ao primeiro estado.” A essa
palavra o irmão partiu e, com paciência, perseverou em fazer como lhe ensinara
o ancião. Assim encontrou a paz na graça do Cristo (N. 208).
41. Um ancião estava sempre
doente. Mas certo ano, como não tivesse nada, ficou atristado e se pôs a
chorar: “Deus me abandonou, dizia ele, Ele não me visitou.” (N. 209).
42. Contava o seguinte um
ancião: “Certa feita um irmão foi tentado com pensamentos durante nove anos, a
tal ponto que na ansiedade desesperou da salvação e condenou a si: ‘Minh’alma
está perdida, e já que sou morto retorno ao mundo.’ Quando se ia indo, escutou
uma voz ao caminho: ‘As tentações que suportates durante nove anos eram as tuas
coroas. Retorna aonde estavas, que livrar-te-ei dos maus pensamentos.’ O irmão
entendeu que não devia desesperar por conta dos pensamentos que lhe
sobrevinham: eles nos ofertam coroas, desde que os suportemos como sói a
monges.” (N. 210).
43. Um macróbio que vivia numa
gruta na Tebaida tinha um discípulo de provada virtude. À noite o ancião
costumava instruir o discípulo do que era útil para a alma. Após lhe dar
conselhos recitava a oração e lhe mandava dormir. Certo dia pios segrais,
conhecedores da grande ascese do ancião, vieram lhe encontrar e se foram após
ouvirem estímulos. À noite, depois do ofício e da partida dos segrais, o
macróbio começou a exortar e instruir o irmão como soía, mas enquanto falava
adormeceu. O irmão esperou paciente o sono do ancião, de molde a fazer a oração
habitual. Mas o ancião não acordava; após pacientar muito tempo, acometeu
contra o discípulo o pensamento de ir dormir sem permissão, mas ele se fez
violência, resistiu ao pensamento e não se foi. Outra vez a vontade de dormir o
assediou, mas o irmão fincou pé. E isso foi indo até a sétima vez que resistiu
ao pensmento. Escoara-se meia noite quando despertou o macróbio e encontrou ao
pé de si o discípulo. “Permaneceste até agora sem partir?”, lhe disse ele.
“Sim, meu Pai, tu não me despediste.” “Por que não me acordaste?” “Não ousei te
sacudir de medo de te enfadar.” Eles se ergueram e começaram a dizer matinas.
Terminada primas, o ancião despediu o discípulo. Quando estava só, ficou
extático e viu um trono instalado em lugar de honra e neste trono sete coroas.
O ancião interrogou a quem isso lhe mostrava: “Para quem são?”, perguntou ele;
responderam-lhe: “É o lugar e o trono que Deus concedeu ao discípulo por conta
de sua conduta: nesta noite ele mereceu sete coroas.” A tais palavras o ancião
ficou surpreso. Tremendo chamou o discípulo e lhe perguntou: “Dize-me o que
fizeste esta noite.” Respondeu o outro: “Pai, perdoa-me, mas nada fiz.”
Pensando que não confessava por humildade, insistiu o ancião: “Assegura-te
disto: não repousarei antes que mo tenhas dito o que fizeste ou pensaste esta
noite.” Mas o irmão não se apercebia do que fizeta à noite e, como não
encontrasse com que responder, disse ao macróbio: “Pai, perdoa-me, mas nada fiz
exceto isto: sete vezes tive vontade de ir, mas fiquei, pois não me despediste
como sói.” O macróbio logo entendeu que Deus lhe dera uma coroa a cada vez que
resistira aos pensamentos. Nada disse ao irmão, pois convinha ao bem de
su’alma, mas o contou a padres espirituais para nos dar a conhecer que Deus nos
coroa mesmo por pensamentos sem muita importância, como está escrito: “O reino
de Deus é dos violentos, e são os violentos que o arrebatam”. (Mt. 11,12) (N.
211).
44. Um ancião das Celas caíra
doente. Vivia como anacoreta e, como não houvesse quem lhe servisse,
levantava-se para comer o que estava na cela. Assim fez durante certo tempo e
não houve quem lhe visitasse. Ao fim de trinta dias, como ninguém viesse, Deus enviou
um anjo para servi-lo. Estava assim há sete dias quando os padres se lembraram
do ancião: “Vamos a ver, diziam entre si, se o ancião não caiu doente.” Ao
chegarem bateram à porta e o anjo se foi. Desta arte, o ancião desatou a chorar
lá dentro: “Irmãos, vão-se daqui!” Mas eles empurraram a porta, adentraram e
perguntaram ao ancião por que chorava. Respondeu o macróbio: “Havia trinta dias
era atormentado de minhas enfermidades e ninguém me visitou. Eis que uma semana
há que o Senhor me enviou um anjo para cuidar de mim, anjo que partiu a vossa
chegada.” A essas palavras dormiu em paz. Cheios de admiração, os irmãos
glorificaram a Deus e disseram: “O Senhor não abandona os que Nele esperam.”
(N. 212).
45. Disse um ancião: “Se te
sobrevierem enfermidades corporais, não te descoroçoes. Pois se o Senhor quer
enfraquecer teu corpo, quem és tu para tomá-lo por mal? Não se ocupa Ele de ti
em todas as ocasiões? Podes tu viver sem Ele? Sê paciente e ora para te Ele dar
o útil e para saberes fazer Sua vontade e restares paciente, enquanto come o
que te dão por caridade.” (N. 213).
46. Um irmão contou isto:
“Quando estava em Oxirinco, vieram pobres um sábado à noite para receber o
ágape. Eles dormiram num canto; um deles só tinha uma esteira, com que por
partes cobria o chão e a si, pois era grande o frio. Como saísse para fazer
suas necessidades, escutei-o suspirar e se queixar do frio, mas consolava-se
dizendo: “Senhor, rendo-Vos graças! Quantos ricos há em prisão, em ferros ou de
pés no cepo que não podem fazer suas necessidades com vagar. Eu de mim sou como
um imperador! Estico as pernas e vou aonde me praz!” Enquanto falava essas
palavras, levantei-me escutando-o. Entrei para contar aos irmãos, que ficaram
edificados.” (N. 214).
47. Um irmão interrogou um
ancião: “Se me sobrevêm dificuldades num lugar e não há ninguém probo para
confiar meu problema, que devo fazer?” Respondeu-lhe o ancião: “Confia em Deus,
pois Ele enviará Seu anjo e Sua graça. Se com amor orares, Ele há de ser tua
consolação.” E acrescentou: “Ouvi dizer que aconteceu na Cítia uma história
deste estilo: havia lá um monge sofrendo tentações. Como ninguém havia que lhe
inspirasse confiança, nem a quem pudesse se desvendar, preparara sua
matalotagem para ir-se dali. Mas ainda àquela noite a graça divina lhe apareceu
sob o aspecto de virgem, que o acoroçoava dizendo: ‘Não te vais, mas fica aqui
comigo. Não havia maldade naquilo que escutaste.” Dando fé a tais palavras,
permaneceu o monge e logo ficou curado o coração.” (N. 215).
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*Extraído do Blog: Traduções Gratuitas.
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