"A escada para o Reino dos Céus está escondida em tua alma. Mergulha para dentro dos pecados que estão em ti mesmo e, assim, encontrarás ali uma escada pela qual poderás ascender" Isaac de Nínive.
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Obs.: Abaixo, tradução do versículo bíblico para outras línguas:

"POR ISSO A ATRAIREI, CONDUZI-LA-EI AO DESERTO E FALAR-LHE-EI AO CORAÇÃO" Oséias 2,16
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domingo, 21 de junho de 2015

Livro: Inclina o Ouvido do Coração



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A Capa

FILHO PRÓDIGO A imagem por si mesma já nos diz tudo, segundo o tema apresentado no livro. Aprouve-nos, desta, enfatizar o abraço do pai no acolhimento de seu filho, que retornara de uma vida pautada pela experiência do sofrimento e do abandono. 

Desta mesma, observamos a estreita proximidade do Ouvido do filho que repousa sobre o Coração de 'seu pai', reflexo daquele inclinar que vem do mais profundo do interior de seu coração, atento – pela reconciliação – a tudo que a voz do mesmo lhe ordenasse cumprir. 

A experiência vivida pelo filho que partira, culminara, por sua vez, em sua passagem ao deserto, momento pelo qual pôde confrontar-se consigo mesmo, pelo reconhecimento e aceitação sincera de suas faltas até chegar ao arrependimento que o reconciliaria com 'O Bem', antes desprezado.


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Introdução

Diante de uma realidade marcada pelo individualismo, como se apresenta os nossos dias, urge o sair de nosso comodismo que nos aprisiona na esfera de nossas ideias, as mais apegadas, e confundidas por vezes como verdade absoluta. 

Passaram-se mais de 1500 anos de história e as palavras do grande patriarca São Bento, que viveu em um período parecido com o nosso – apesar das limitações contextuais e culturais da época – se tornam até os nossos dias como sendo válidas e atuais em sua regra, ecoando como um forte meio de orientação e exemplo, numa abertura que se dá para os acontecimentos hodiernos, para tudo disposto à nossa volta, como de sua mensagem característica, que de certa forma nos exercita para aquele atender do coração e seu movimento. 

O grande motivo a que esta se debruça, é para o confronto com a realidade atual, no intuito de se pôr paralela à compreensão da vontade de Deus, que não é senão o querer da plena realização do homem, de seu chamado específico, sob os seus vários aspectos e aspirações, em vista da construção de uma sociedade baseada na verdade, a qual nos inspira e garante Sua Palavra. Para este fim, faz-se mister a disposição para a “Escuta”, como encontramos na orientação dada por São Bento, aos que militam sob sua paternidade espiritual, já no início de sua regra.

Este apelo para a “Escuta” permeia toda a instrução de São Bento, percebida na regra do começo ao fim, e subentendida por vezes pela “obediência”, como forma de fazer inculcar na mente e no coração de seus discípulos, a importância que a mesma se deve dar, como primeiro passo para o galgar do entendimento da vontade divina que se dá no chão de nossa história, quer pessoal ou comunitária, passando pelas experiências externas como preparação do terreno interior, que é o coração de cada homem. 

É interessante como a orientação dada por São Bento aos seus monges sirva ainda hoje como um norte a todo aquele que se sente chamado a viver de forma mais concreta sua vocação de batizado, mesmo que para uma realidade fora dos claustros, mas por meio de uma adesão plena à espiritualidade que se funda na Escuta da Palavra de Deus, contextualizada no tempo presente, a qual exige de nossa parte o firme propósito em executá-La, em outras palavras, o inclinar do coração. Estas instruções não são senão a linguagem mais accessível, trocada em miúdos, e que nos fazem entender melhor a Sagradas Escrituras na qual também, como cume de toda a revelação, se encontram os evangelhos, e por eles chegar à compreensão da Palavra que se dá por meio da leitura, quer externa ou interna, ao ter em vista a tradição e o contexto em que nos encontramos, pondo-A em prática. 

Esta instrução, deixada por São Bento como herança aos seus filhos espirituais, encontra o seu cerne na revelação de Deus e do mistério de Si mesmo e de Sua vontade  revelados por meio de Cristo, o Verbo encarnado, segundo o qual é garantido a todos os homens o acesso ao Pai.  

Num mundo assinalado pelas desordens de todos os tipos, nos damos conta de que algo não vai bem com os princípios e valores impetrados no coração do homem de hoje ao compararmos com o homem de ontem, em se tratando da sua origem como elemento exclusivo de pertença, que se dá pela comunhão com Deus, autor e princípio de todo o bem. Identificamos, portanto, ao nos depararmos com essa realidade vigente, a ruptura que se deu com a separação do homem, por vontade inconsciente ou não, em relação a Deus, que jamais deixou de lhe falar com o passar dos séculos, apesar do insubordinado fechamento à Sua Voz no interior de cada pessoa.  O homem fechou-se em si mesmo; diferente daquele movimento que fez os padres do deserto ao se isolarem, e estarem ao mesmo tempo abertos para o mundo, ao se compreenderem em Deus por meio do silêncio. 

Diante de uma realidade como a nossa, afetada pelo mal que nos advém de todos os lados e de tantas formas, sob o signo de uma sociedade balizada, cada vez mais indiferente aos apelos do Espírito, a esperança se renova no coração daqueles que se abrem à Sua Voz no mais profundo de si, reconhecendo aí o lugar por excelência onde Deus quer nos falar. É preciso ter noção do homem todo, e isso os padres do deserto compreenderam bem – ao se confrontarem consigo mesmos na solidão dos desertos do Egito – ao perceberem com que particularidade O mesmo, ao longo do tempo ia se revelando neles o homem, como de fato ‘É’, ao se manifestar em cada pessoa, em suas ações livres e não forçadas pelo medo que desfigura e escraviza. 

Mas do que nunca, se torna urgente o surgimento em nosso meio de homens e mulheres, capazes de nos mostrar o caminho de volta à Escuta e compreensão da Palavra que se dá no recôndito de nosso ‘eu’ esquecido, ou de certa forma, ainda que inconsciente, deixado de lado, adormecido, e que precisa ser despertado, trazido à consciência pela sabedoria intuitiva e perspicaz de homens (anciãos) e mulheres (anciãs) experientes. 

É impossível passar por essa realidade atual, assolada pela indiferença, sem se deixar ser tocado de alguma forma. Desta mesma realidade extraímos e absorvemos com muita facilidade, ao nos darmos conta de nossas tendências, dos enganos, das máscaras que criamos, da falsidade de caráter que dissimula nossas ações e que nos impedem de sermos o que de fato somos, como empecilho ao que Deus mesmo espera de nós. Torna-se urgente o desarmar de nosso espírito tocado de certa forma pela animosidade em relação ao outro, pela vingança, pela competição sem se importar com o fracasso do próximo, pela ambição e tantos outros males, que passam indiferentemente sobre o clamor necessário e evidente dos que padecem, dando lugar à compaixão e o inclinar do coração para com as situações que nos alertam a cada instante. Nesse teor, deve-se sempre levar em consideração que, toda e qualquer indiferença à Voz divina, que passa também na compreensão do mundo externo, nos traz consequências sérias.

É preciso que, com a ajuda e exemplo de guias experimentados, como recebeu São Bento ainda em Subiaco, dilatemos nosso coração, deliberando o caminho pela abertura sincera de nossa vontade e, consequentemente, de nosso interior – para que a graça vinda do alto possa aí operar – como espaço no qual Deus quer se fazer Um conosco pela comunhão dos bens espirituais; tal acontecimento, não se concretizará senão pela disposição livre e deliberada de nossa vontade e desejo, o mais profundo, em querer e saber escutar, ao identificar o propósito divino para o qual somos inseridos e chamados. 

Ao se tratar da escuta, ou se preferir numa linguagem beneditina mais apurada, do ‘dilatar do coração’  que com o tempo se alcança pela perseverança – como podemos encontrar no prólogo da Regra de São Bento – constatamos pela experiência que é a partir dessa percepção, do que existe de essencial e revelador para uma pessoa, em sua particularidade, que dependerá a sua verdadeira realização e abertura ainda maior. É, portanto ainda, por meio desta via de percepção, que dependerá sua verdadeira realização e felicidade, ao se deixar guiar exclusivamente pelos passos e exemplos de Cristo que se concretizará por meio de uma adesão e escolha acertadas. 

A chave de leitura desta composição tem como base o vasto patrimônio de valores espirituais deixados pelos nossos antigos pais na fé, e se compreendem sob o galgar de uma verdadeira maturidade de caráter espiritual que se dá de fora para dentro e vice-versa; deste mesmo patrimônio tende a nada excluir do que aos nossos olhos, humanamente falando, possa ser considerado insignificante, mas que por certo também nos aponta a direção e nos fala diretamente ao coração.  

Visto ser o caminho espiritual todo pautado na compreensão da vontade divina sobre cada pessoa, em sua particularidade, possa esta leitura nos ajudar a compreender melhor as peculiaridades que a vida monástica nos proporciona, levando em consideração os exercícios que se nos apresentam à cada instante, ou se quiser, os apelos de cada dia que vão nos introduzindo pouco à pouco no mistério que no decorrer do percurso vai se tornando evidente – sobre nossa vocação no mundo – por meio de uma abertura interior vivida em sua plena liberdade, condizente a um(a) verdadeiro(a) e autêntico(a) filho(a) de Deus.  

O autor. 

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 Contra Capa

A nossa realidade existencial é toda ela sensitiva. Passamos por este mundo pela apreensão de tudo que nos rodeia, e, que por certo, vai nos moldando segundo o verdadeiro anseio de nossa alma, ao denotar o nosso real caminho e missão. 

Na vida espiritual, o trajeto é feito pelo galgar nos acontecimentos diários, quer particular ou comunitário, e, que, seguramente, vamos redescobrindo pela atenção devida a tudo o que a voz de Deus aí quer nos comunicar pela comunhão dos bens materiais e espirituais.

 Abre-se, portanto, uma nova perspectiva de vigilância, já ensinada por São Bento em sua regra ao exortar os seus monges à paciência e à perseverança quando escreveu: 

“Mas, com o progresso da vida monástica e da fé, 'dilata-se o coração', e, com inenarrável doçura de amor é percorrido o caminho dos mandamentos de Deus” (RB Prólogo, 49).

Esta mesma é um convite que se dirige a todos para a constância nos exercícios do dia-a-dia, que gradativamente vão se tornando leves pelo expandir do coração em sua livre disponibilidade.

Oxalá os leitores encontrem aqui pistas para isso; e que essa mesma leitura seja acompanhada pela abertura de espírito.


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# Para obtê-lo acesse o link:  Inclina o ouvido - Clube de Autores.
   


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